domingo, 20 de junho de 2010

O Palácio da Ventura


Sonho que sou um caveleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante,
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante,
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!

«Antero de Quental»

1 comentário:

  1. É muito bonito.
    O silêncio quebra-se quando se fala e a escuridão quando se acende a luz... a luz pode ser aquela que sempre temos ao nosso lado mas, por estar tão perto, nem sempre a conseguimos sentir de emediato.

    Bj, Loia.

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